Lí por aí


«Agora que o PCP alugou o carro daquele maluco d' O Regresso ao Futuro e viajou para a Checoslováquia de 1970 e o Bloco de Esquerda se ocupa em ser a ala esquerda do Partido Socialista, a reboque de Manuel Alegre e Helena Roseta, permitam-me dizer que a boçalidade e o isolamento dos nossos políticos não foi nunca tão acentuado como hoje. Sinal óbvio é ainda a re-eleição-com-posterior-desfiliação-de-vários-quadros-do-partido no CDS/PP. Vivemos, certamente, num mundo que aqueles que nos querem representar não compreendem. Tal como não compreenderam os Sindicatos de Professores quando assinaram o memorando de entendimento com o Ministério ou quando, passado quase um ano, não conseguiram passar para o papel uma alternativa credível ao sistema de avaliação de professores. É este o mundo (o país?) que nos resta: soundbyte atrás de soundbyte até criar ruído suficiente que se pareça com qualquer acção real, seguido de posterior descredibilização da ideia inicial não cumprida. Não deixa de ser curioso como dois militantes de partidos do centro que se encontram, de momento, de fora do grande prato ou tacho ou malga grande, acabem a liderar o bando dos ex-revolucionários com tendências moralistas que querem chegar ao poder. Não deixa de ser fastidioso que certa esquerda, tão segura da razão dos seus princípios, tente depois encontrar um ícone intelecto-popular para ir a eleições. Não há, mesmo, paciência para este circo...»

Luís Filipe Cristóvão, em 1979

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