Ó da Guarda!


Uma parte da nossa geração não se viveu enquanto se ia vivendo. Sobreviveu-se à espera da «verdadeira vida». Para uns, a famosa tarde em que o mundo antigo morreria como por encanto às mãos do novo, para outros, na simples espera de uma manhã naturalmente respirável. Assim, perdemos a única vida que nos era dada, assim ganhámos - ou imaginámos ganhar - o direito a não ter absolutamente perdido o tempo vivido na esperança de mais livre e aberta vida.

Eduardo Lourenço (1923): nasceu em São Pedro do Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda. Fez estudos secundários na Guarda e em Lisboa e licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra. Actualmente reside em Vence (Alpes Marítimos). O excerto que aqui se reproduz foi retirado do livro Heterodoxia II (Gradiva: 1ª edição, 2006)

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