Nunca li muitos romances policiais, pois nunca fizeram o meu género. Nunca me atraíram os nomes de Rex Stout, Agatha Christie ou Arthur Conan Doyle. Tive amigos que passaram os grandes dias de verão a ler policiais, a comentá-los entre eles. Eu fiz algumas tentativas, sempre com pouco sucesso e sem vontade de repetir. Assim, quando me foi oferecido o romance Tóquio Ano Zero, de David Peace (1967), agradeci e coloquei-o na estante, com a promessa de que seria a minha leitura de férias. No entanto, ao contrário do habitual, cumpri a promessa.
Passado na Tóquio ocupada pelo exército aliado, este romance de David Peace centra-se, principalmente, no tema da maldade humana. É claro que está lá o crime, mas ele é dado ao leitor sobre várias formas: temos os crimes cometidos pelo famoso serial killer Kodaira Yoshio, conhecido como o Barba Azul japonês; temos os crimes cometidos pelo exército de ocupação; temos os crimes cometidos por todos nós, todos os dias. David Peace explora esse lado mais sombrio da mente humana, o lado capaz de cometer um crime, seja ele o crime de roubar para comer, o crime de matar para sobreviver (como é o caso do Detective Minami, veterano de guerra), o crime de humilhar pelo simples facto de eu ser o vencedor e tu o vencido. Outro tema que sobressai é aquele que diz respeito à identidade: ninguém é quem diz ser. Todas as personagens usam máscaras, todos os dias, tal como todos nós.
A escrita de David Peace poderá não agradar a todos. São constantes as repetições de frases, de ideias, como se de uma lengalenga se tratasse. Contudo, não podemos esquecer que o narrador (o Detective Minami) é alguém que sofre de insónias e só consegue dormir à base de doses massivas de Calmotin (comprimidos para dormir). Entende-se, desta maneira, a escrita telegráfica, repetitiva, como se o narrador quisesse contar a sua história o mais rápido possível para poder ir descansar.
Li algures que um bom romance policial não é aquele que se centra somente no tema crime. E é isso que David Peace faz.
Passado na Tóquio ocupada pelo exército aliado, este romance de David Peace centra-se, principalmente, no tema da maldade humana. É claro que está lá o crime, mas ele é dado ao leitor sobre várias formas: temos os crimes cometidos pelo famoso serial killer Kodaira Yoshio, conhecido como o Barba Azul japonês; temos os crimes cometidos pelo exército de ocupação; temos os crimes cometidos por todos nós, todos os dias. David Peace explora esse lado mais sombrio da mente humana, o lado capaz de cometer um crime, seja ele o crime de roubar para comer, o crime de matar para sobreviver (como é o caso do Detective Minami, veterano de guerra), o crime de humilhar pelo simples facto de eu ser o vencedor e tu o vencido. Outro tema que sobressai é aquele que diz respeito à identidade: ninguém é quem diz ser. Todas as personagens usam máscaras, todos os dias, tal como todos nós.
A escrita de David Peace poderá não agradar a todos. São constantes as repetições de frases, de ideias, como se de uma lengalenga se tratasse. Contudo, não podemos esquecer que o narrador (o Detective Minami) é alguém que sofre de insónias e só consegue dormir à base de doses massivas de Calmotin (comprimidos para dormir). Entende-se, desta maneira, a escrita telegráfica, repetitiva, como se o narrador quisesse contar a sua história o mais rápido possível para poder ir descansar.
Li algures que um bom romance policial não é aquele que se centra somente no tema crime. E é isso que David Peace faz.
David Peace, Tóquio Ano Zero, Lisboa: Tinta-da-China, 2008, 486 pp. (tradução de Rita Graña do original: Tokyo Year Zero, Faber and Faber, 2007)
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