Eu queria encontrar aqui ainda a terra



Esta peça não é sobre a Guarda, mas paira sobre ela, sobre a sua memória recente, os seus fantasmas, as suas inquietações e os seus momentos felizes. O olhar é conduzido pelas narrativas cruzadas de duas figuras: Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço. Do encontro entre ambas emergem as reminiscências, os silêncios, as perplexidades, o sentir de uma mesma cidade, enquanto espaço iniciático e onírico. Às referências mencionadas segue-se a sua transgressão, por força do universo pessoal e necessariamente aleatório de cada personagem. Segue-se um segundo momento, mais próximo de um bestiário, onde são convocadas duas gárgulas, que assumem posições antagónicas, reflectindo de forma assertiva um confronto interior que antecede a criação artística. A peça desenvolve-se, numa terceira e última sequência, num cenário de ruptura em relação aos anteriores. A acção decorre no convés de um barco que cruza o oceano. Estão envolvidas duas personagens, que se encontram por acaso (ou talvez não). Ao longo da viagem, percebe-se que representam universos distintos, que precisamente naquele momento se tocam.

Foto: Tiago Rodrigues

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