Veio cá a casa um vizinho entregar uns livros que lhe tinha emprestado. Entre eles vinha A Casa da Morte Certa, de Albert Cossery (1913). Foi o único livro que li até hoje do autor. É claro que fiquei com vontade de ler os restantes romances. O que mais me impressionou neste romance foi a aparente fragilidade do mesmo. Explico: quem o lê poderá ficar com a sensação que nada daquilo é novo, que nada daquilo é importante; poderá pensar que é um romance sem fôlego, sem pernas para andar. No entanto, a leitura de A Casa da Morte Certa não deixa ninguém indiferente.
Albert Cossery é exímio na descrição da pobreza humana, e não me refiro só à pobreza do ponto de vista financeiro: refiro-me, também, à pobreza do ponto de vista moral e ético. Como muito poucos, Albert Cossery entende e conhece o Homem por dentro, sendo o Homem alguém que está à beira do desmoronamento, que encerra em si um espírito doente nas suas mais profundas entranhas. Tal como a casa.
A Casa da Morte Certa (que é o segundo romance do autor), pode ser lido como metáfora de um época em que as crenças começam a ficar caducas. Contudo, o Homem começa a ganhar consciência da caducidade dessas mesmas crenças, e procura despertar para uma nova realidade: «O futuro está cheio de gritos. O futuro está cheio de revoltas. Como represar este rio transbordante que vai submergir as cidades?» (p. 186).
Albert Cossery, A Casa da Morte Certa, Lisboa: Antígona, 1ª edição, 2001, 187 pp.
Albert Cossery é exímio na descrição da pobreza humana, e não me refiro só à pobreza do ponto de vista financeiro: refiro-me, também, à pobreza do ponto de vista moral e ético. Como muito poucos, Albert Cossery entende e conhece o Homem por dentro, sendo o Homem alguém que está à beira do desmoronamento, que encerra em si um espírito doente nas suas mais profundas entranhas. Tal como a casa.
A Casa da Morte Certa (que é o segundo romance do autor), pode ser lido como metáfora de um época em que as crenças começam a ficar caducas. Contudo, o Homem começa a ganhar consciência da caducidade dessas mesmas crenças, e procura despertar para uma nova realidade: «O futuro está cheio de gritos. O futuro está cheio de revoltas. Como represar este rio transbordante que vai submergir as cidades?» (p. 186).
Albert Cossery, A Casa da Morte Certa, Lisboa: Antígona, 1ª edição, 2001, 187 pp.
4 comentários:
aí está um belo livro,alias como todos os seus livros.
pelo cossery não se passa sem recordar o encontro. há nele algo de muito singular, e de um humanismo muito lúcido, sem por isso ser frio.
recomendo os primeiros. o de contos "os homens esquecidos de Deus" e o romance "mendigos e altivos".
Boa tarde,
Já li e possuo todos os livros de Cossery à excepção de "A casa da morte certa".
Não está interessado em vender o seu?
Cumprimentos,
HC
Bom dia, caro HC.
Não, não estou.
Cumprimentos
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