Então foi assim

Fui até ao café do costume. Estava a dar a final da taça da liga. O pessoal estava todo entusiasmado a ver o jogo e a conversa não foi muita. Ainda tentei dizer umas piadas badalhocas para ver se a coisa animava. Pedi um capuccino (não sei se é assim que se escreve, mas pronto), que estava muito bom. Havia pessoal a jogar às cartas numa das mesas, uma coisa que eu detesto pois penso que jogar às cartas num café dá um mau aspecto do caraças ao café e a quem joga, o café parece uma taberna – não tenha nada contra tabernas, apesar de haver cada vez menos – e quem joga parece taberneiro – idem. Gajas havia poucas, e as que lá estavam eram as mesmas de sempre, coisa que já não entusiasma os olhos, apesar de gostar muito delas todas. Depois acabou o jogo e tiraram-se as mesas, apagaram-se as luzes, ligaram um flash muito rasco que transforma o café numa casa de alterne e a música passou a berrar nas colunas (que, passados alguns minutos, pifaram). Bebi duas minis e vim para casa era meia-noite. O meu primo Carlos David trouxe-me a casa no carro dele, pois estava um frio de rachar e eu achei que era melhor não levar o meu carro, que devia ir a pé para enrijecer. Meti-me a ler uma antologia poética de William Carlos Williams e adormeci com o livro sobre o peito.

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