Nada de novo
Procurai a minha face talvez não seja o melhor livro para começar a ler John Updike (1932). O autor dispensa apresentações, pois é um dos mais representativos autores norte-americanos do século XX, criador da famosa série “Coelho” (Rabbit, Run; Rabbit Redux; Rabbit Is Rich; Rabbit At Rest; Rabbit Remembered).
John Updike, em Procurai a minha face, deambula pelos meandros da Arte (essa coisa que é para muitos ainda incompreensível, misteriosa e superior), concentrando-se num período muito específico da Arte Norte-americana: o Expressionismo Abstracto e tudo aquilo que lhe seguiu, nomeadamente a Pop Art. É claro que todos os nomes dos pintores que surgem no livro são ficcionados, no entanto, há duas personagens que são colagens completas de dois pintores daquele período: Jackson Pollock (Zack) e Andy Warhol (Guy). O próprio autor, numa nota introdutória ao romance, indica que o mesmo é uma obra de ficção, mas que tem por base dois livros: «Este livro é uma obra de ficção […] No entanto, seria impossível negar que um grande número de pormenores procedem [sic] do admirável e exaustivo Jackson Pollock: An American Saga, […] ou que algumas declarações dos meus artistas ficcionais estão estreitamente relacionadas com as recolhidas em Abstract Expressionism: Creators and Critics» (pág. 5).
O livro, em certos momentos, revela ser mais uma obra de investigação do que de ficção. O único momento em que John Updike consegue alguma tensão é no discurso entre as duas personagens: Hope e Kathryne (entrevistada e entrevistadora). Existe um conflito lactente entre as duas, que se vai suavizando à medida que a acção decorre, onde Hope, cansada de estar sempre a dizer a mesma coisa aos jornalistas, procura o lado mais íntimo de Kathryne, tentando (talvez) encontrar nela a juventude que há muito perdeu. Tudo o resto é um mero recontar de um período histórico, que não deixa, contudo, de ser interessante. Mas John Updike não traz uma única ideia nova sobre Arte, uma única ideia sobre os artistas em questão.
É um livro a ler, não por aquilo que traz de novo (não traz), mas sim pelo prazer de ler. A maneira como John Updike escreve também ajuda bastante: uma escrita leve, fluente.
John Updike, em Procurai a minha face, deambula pelos meandros da Arte (essa coisa que é para muitos ainda incompreensível, misteriosa e superior), concentrando-se num período muito específico da Arte Norte-americana: o Expressionismo Abstracto e tudo aquilo que lhe seguiu, nomeadamente a Pop Art. É claro que todos os nomes dos pintores que surgem no livro são ficcionados, no entanto, há duas personagens que são colagens completas de dois pintores daquele período: Jackson Pollock (Zack) e Andy Warhol (Guy). O próprio autor, numa nota introdutória ao romance, indica que o mesmo é uma obra de ficção, mas que tem por base dois livros: «Este livro é uma obra de ficção […] No entanto, seria impossível negar que um grande número de pormenores procedem [sic] do admirável e exaustivo Jackson Pollock: An American Saga, […] ou que algumas declarações dos meus artistas ficcionais estão estreitamente relacionadas com as recolhidas em Abstract Expressionism: Creators and Critics» (pág. 5).
O livro, em certos momentos, revela ser mais uma obra de investigação do que de ficção. O único momento em que John Updike consegue alguma tensão é no discurso entre as duas personagens: Hope e Kathryne (entrevistada e entrevistadora). Existe um conflito lactente entre as duas, que se vai suavizando à medida que a acção decorre, onde Hope, cansada de estar sempre a dizer a mesma coisa aos jornalistas, procura o lado mais íntimo de Kathryne, tentando (talvez) encontrar nela a juventude que há muito perdeu. Tudo o resto é um mero recontar de um período histórico, que não deixa, contudo, de ser interessante. Mas John Updike não traz uma única ideia nova sobre Arte, uma única ideia sobre os artistas em questão.
É um livro a ler, não por aquilo que traz de novo (não traz), mas sim pelo prazer de ler. A maneira como John Updike escreve também ajuda bastante: uma escrita leve, fluente.
John Updike, Procurai a Minha Face, Porto: Civilização, 1.ª edição, 266 pp.
1 comentário:
Adorei ler "As Bruxas de Eastwick", e li depois, com alguma expectativa, "O Centauro", que me pareceu algo inferior.
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