Cowbuoykowsky


Quando eu penso no Charles Bukowsky, penso num cowboy.

Penso, em seguida, num sheriff a entrar, resoluto, num saloon e a exclamar em tom de tiro, como quem já não distingue a garganta do gatilho:

“Mãos ao ar!”


E o cowbuoykowsky responder, resoluto, e até reverente, à ordem do agente da autoridade.


Fixo-me nas mãos do maldito.


E vejo:


um polegar pendido para baixo, a condenar a ordem natural das coisas com inflexibilidade de César,


um indicador esticado, bem esticado, habituado ao gesto dito feio de apontar o que é feio,


um dedo do meio, erguido e erecto como se quer um manguito,


um anelar a não fazer jus ao nome de baptismo, pela recusa ao absurdo que representa a aliança com o alheio,


um mindinho com uma ponta de cera ou um macaco nasal.

Não é o futuro, meus magos de merda, que está escrito nas mãos, mas sim o passado e o presente de um homem, o seu património pessoal e inalienável.

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