Bach ou o silêncio (4)
Ao ouvir Bach penso que todo o Homem hesita entre a crença em Deus e a não-crença em Deus. Ou nos Deuses, se preferirem. Ou no Divino. Esta é, para mim, a principal característica da música de Bach: o contacto directo com algo que transcende o Homem, que lhe é superior, que o confronta com a sua pequenez, com a sua inequívoca (i)mortalidade. Os Concertos de Brandenburgo não são o melhor exemplo para esta minha divagação. Foram, no entanto, a primeira obra de Bach que ouvi. Até aquela altura julgava que todo o Barroco era um amontoado de exageros, superficialidades, devaneios que não levavam a lugar nenhum. O que só prova a minha ignorância. Ora os Concertos de Brandenburgo foram uma revelação, uma manifestação de um Poder que, até então, acreditava não existir. Com essa primeira audição instalou-se em mim a dúvida, a hesitação.
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