Crítica e críticos


Não deixa de ser curioso que de uma só vez leia dois textos que falam de crítica literária. Um sobre crítica literária feita em Portugal. Outro sobre a crítica em geral (ou talvez não). Sempre vi a crítica literária como um trabalho e o crítico literário como um trabalhador que segue, escrupulosamente, as directrizes do seu patrão. Quase todas as críticas literárias que leio baseiam-se no mercado: se o patrão diz que o livro tem que vender, para compensar uma série de coisas, o crítico literário constrói um texto todo elogioso, sem quase nenhuma ideia sua (não podia estar mais de acordo com Thomas Bernhard), onde o livro parece ser o livro do século ou de toda a existência humana. Quando o livro não tem que necessariamente vender, isto é, quando não existe uma série de factores – como por exemplo: grupos de interesses (que isso não é só quando se tem que decidir onde se deve construir um aeroporto) – ou não há recensão ou ela contém lugares comuns. Para concluir: leio críticas a livros, mas raramente as sigo. Já conselhos, para ler este ou aquele livro, é outra coisa.

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