Quarto Escuro #12
Um dia pensaste deixar de escrever poesia. Não fazia sentido continuar. Todo o acto era para ti doloroso e não te levava a nenhum lugar. Os primeiros poemas que escreveste eram sonetos semi-plagiados de um livro de sonetos que rapidamente esqueceste. Chegaste a oferecê-los a algumas mulheres que, entretanto, se cruzaram contigo em algum café ruidoso e cheio de fumo. De algumas conseguiste mais que um simples obrigado. Nunca desconfiaram. Houve até uma que te introduziu a um estranho ritual que desconhecias. Depois abandonaste a poesia. Nem a dos outros toleravas. Foi por pouco tempo. O chamamento do indizível era maior. Pouca resistência lhe podias oferecer.
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