Ó da Guarda!
Espantalhos
De momento, a regra subverteu-se. Sabia-se à partida que era assim: de manhã as aves acordam, tinham celeiros prontos para a gula, e todo dia vadiavam pelos campos, catando-se e sorrindo, fazendo amor e greves, bebendo água limpa nos outeiros. Depois, o enigma dos sonhos liquefez-se, as manhãs na cama embaciaram, o azul da janela suicidou-se, e as avaes doentes sucumbiram à sedução feroz dos espantalhos.
José Duarte Saraiva: nasceu em Manteigas em 1945. É licenciado em Filosofia. Publicou: O Real e as Estátuas (1979), Silêncio de Sombras Tatuado (1983), A Cratera dos Mitos (1987), Voo no Vazio (1997), (meu) Ser (da) Noite (2000).
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