Um poema de Afonso Duarte


Duas Quadras


Podem encher-me os punhos de grilhetas
Ou pregar numa cruz a vida minha.
Não é canto propício de poetas
O velho medo que guarda a vinha.

O antigo é a doença que eu mais detesto
É viciar o que já foi virtude!
O tornar ao passado é sempre um resto,
Ou, pior, uma falta de saúde.


em Obra Poética, introdução, fixação do texto, registo de variantes e apêndices de José Carlos Seabra Pereira, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2008, p. 279.

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