Indignar-me é o meu signo diário (39)



Como tem sido notório, ainda não me tinha pronunciado sobre a morte de Isabel II. E talvez devesse permanecer como até agora: em silêncio. Reis e rainhas fazem-me tanta falta como um furúnculo no rabo, ou uma unha encravada. Não celebro a morte de ninguém (ah, não, minto: celebrei a morte de Pinochet), muito menos de um rei ou rainha, pois é-me indiferente. Ah, coisa e tal, ela fazia parte das nossas vidas. Não, da minha não fazia. Ah, coisa e tal, mas crescemos com a sua presença. Não, eu cresci com a presença do meu Pai, que muita falta me faz, e da minha Mãe, que está aí para as curvas, contra-curvas e rectas desta vida. Isabel II foi rainha de um país que foi, até bem pouco tempo, imperialista, no profundo e total significado da palavra. Foi rainha de um país cujos sucessivos governos sancionaram ditaduras (Pinochet novamente) e apoiaram invasões, também elas, ao arrepio das leis internacionais (ou ainda pensam que é só Putin que o faz?). Assim sendo, badamerda para estes três dias de luto nacional.

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