Indignar-me é o meu signo diário (37)


1. Há muito era sabido que as sanções impostas à Rússia não iriam ser, no fundo, eficazes. Há muito era sabido que os principais prejudicados seriam os países que aprovaram as referidas sanções;

2. Partidos como o PCP e o BE alertaram para isso. Alguns comentadores também. Agora aquilo que era sabido torna-se, a cada dia que passa, óbvio;

3. A título de exemplo: "os valores agora referidos da electricidade no mercado grossista são dez vezes superiores aos registados há um ano – 85 euros tanto em França como na Alemanha." (Fonte: AbrilAbril [28 de Agosto 2022]);

4. E ainda: "Os 27 gastam atualmente quase 14 mil milhões de euros por mês na compra à Rússia de carvão, petróleo e gás. Há um ano, a média mensal era de cerca de 7,3 mil milhões. Moscovo fatura agora quase mais 90 por cento do que há um ano." (Fonte: RTP Notícias [22 de Agosto 2022]);

5. Mas haverá quem continue a pedir mais sanções, a gritar por elas se for necessário. No entanto, nunca os iremos ouvir gritar pela paz, ou pela necessidade de tanto Rússia como Ucrânia se sentarem, obrigatoriamente, à mesa das negociações;

6. Isto porque apesar de a primeira ter violado o direito internacional e invadido um país soberano (invasão que, desde o início, condenei e continuo a condenar), neste momento têm de ser os dois países, e não apenas um, a pararem com as hostilidades e procurarem uma solução pacífica;

7. No entanto, ninguém parece estar interessado, por agora, na resolução pacífica do conflito. Muito pelo contrário: "UE e NATO apoiam luta da Ucrânia pela independência "o tempo que for preciso" ". (Fonte: TSF [24 de Agosto de 2022]);

8. Destaco "o tempo que for preciso", o que diz muito, penso eu, das intenções da cúpula da UE e da NATO: prolongar durante "o tempo que for preciso" a guerra; 

9. Resta saber a quem, na realidade, o prolongamento da guerra interessa. Um coisa é certa: ao povo ucraniano não é de certeza.

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