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Estou a escrever este texto numa sala com três grandes janelas que deixam ver a ruína de uma antiga fábrica têxtil. Descendendo eu duma família de operários fabris numa fábrica têxtil, não consigo deixar de associar a ruína desta antiga fábrica têxtil à construção de uma outra ruína que ficou lá para trás num passado que, às vezes, não consigo lembrar. A ideia de construir a ruína é uma ideia que me agrada bastante, tendo em conta o significado da palavra "ruína", pois penso que a nossa memória, um pouco de cada vez, começa a fazer isso: um pouco de cada vez começa a construir a ruína do nosso passado. Porque a memória do nosso passado não passa disso mesmo: ruína em construção.

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