O Gosto do Saké | Yasujirō Ozu | 1962

 



Tenho um certo fascínio pelo Japão, que começou quando li uma breve história do país incluída num grupo de vários volumes com o título genérico, se não me falha a memória, de "Pequena história das grandes nações", e que ainda hoje existe em casa dos meus pais. Depois, mais tarde, veio a literatura. "O Gosto do Saké" é um filme que há muito pretendia ver, muito por culpa de vários textos que li na blogosfera sobre o realizador japonês e que despertaram o meu interesse. Devo dizer que gostei muito do filme. A história, essa, faz-me lembrar alguns dos contos de Mishima, onde tradição e modernidade estão em constante conflito, mas sem a violência, quase sempre presente, com que Mishima povoa os seus textos. Aliás, "O Gosto do Saké" é tudo menos um filme violento. É um filme, isso sim, sobre o fim de um tempo e a entrada noutro: o tempo do pós-guerra, da reconstrução do Japão e da sua "ocidentalização", apesar de todos os personagens se manterem, em certa medida, "agarrados" ao Japão tradicional, ou pelo menos com algum receio em o largar, mas disponíveis para o fazer. A fotografia é fantástica, mas são os planos e os enquadramentos aquilo que mais destaco, a par com uma economia (ou depuração, se preferirem) visual, onde nada está a mais, à boa maneira japonesa.

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