Duas pequenas notas e não volto mais a estes assuntos (30)


1. 
O PCP, fosse qual fosse a sua decisão (principalmente depois de ter votado contra a audição do Presidente ucraniano na Assembleia da República Portuguesa), sabia que estaria à mercê de fortes críticas, a maior parte delas reveladoras de um anticomunismo primário e que há muito circula no nosso país (tal como circulava o fascismo encapotado, que a criação do Chega desmascarou). Como diz uma amiga minha, a Quitéria, "Prefiro um coerente errado a um hipócrita que parece certo. Sei o que posso esperar do primeiro.". E eu não poderia estar mais de acordo com ela. Dito isto: concordo com o voto contra do PCP e com as razões que o sustentam; tenho reservas quanto à decisão dos seus deputados não estarem presentes na Assembleia da República, aquando da audição ao Presidente ucraniano. Penso que o voto contra não invalida, a priori, a presença dos deputados, isto é, o PCP continuaria a ser coerente votando contra e estando presente.

2. Em França, nas presidenciais, os franceses têm de optar entre um mal menor e o mal. É certo que Macron é um neoliberal puro e duro, tendo nos últimos cinco anos implementando políticas que vão contra o estado social, levando a uma forte resistência por parte da grande maioria da população, resistência essa que levou a uma repressão violenta, tanto do ponto de vista económico, social, físico e policial. Todavia, Macron ainda representa, em certa medida, uma direita que não recusa dialogar e, quero acreditar, democrática. Do outro lado temos Marine Le Pen. E o apelido diz tudo. Assim sendo, a abstenção não é solução. A Mélenchon não basta apelar a que ninguém vote em Le Pen. Tem de fazer mais. Deveria ter feito mais. Muito mais. Talvez seguir o apelo feito por Álvaro Cunhal, aos militantes do PCP, antes da segunda volta das presidenciais portuguesas de 1986.

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