Ainda o caso Cristina Bartleby (2)


Ando nisto dos blogues desde 2001. Já assisti a muita, muita coisa. Plágio de textos são histórias que não faltam. Recordo, em particular, uma delas que envolveu Bruno Béu e António Godinho. Bruno Béu tinha um blogue (Paperback Cell, se não me falha a memória) e António Godinho tinha um blogue (Boca de Incêndio). Um dia sou contactado pelo primeiro, pois sabia que eu conhecia António Godinho. Bruno Béu demonstrou-me por a+b o plágio de Godinho. Fui verificar e era verdade: António Godinho tinha plagiado poemas completos (sem variações) de Bruno Béu. Entrei em contacto com António Godinho e disse-me que Bruno Béu exagerava e tal. Ora: Bruno Béu não exagerava. O plágio era mais do que óbvio. Penso que a coisa ficou resolvida com Godinho a apagar os textos plagiados. No entanto, nunca fez um mea culpa público.

Em Novembro do ano passado, Henrique Manuel Bento Fialho publica uma tradução sua de um poema de Calvetti. Quando li o poema, soou-me familiar. Lembrava um outro escrito por Golgona Anghel. Fui verificar e as semelhanças eram óbvias. Mandei um email ao Henrique e sim: Golgona Anghel tinha ido "beber" ao poema de Calvetti. Disso não há dúvida nenhuma. E fê-lo sem referir a fonte. Há quem defenda que não é necessário fazê-lo, que um autor pode decidir omitir, pois faz parte do "jogo poético" e tal. Há até quem chame àquilo "intertextualidade". Mas como Golgona Anghel é uma académica com créditos firmados em Portugal, bem como poetisa publicada na Assírio & Alvim (detida pela Porto Editora), o silêncio à volta do caso foi ensurdecedor. Mas a dúvida permanece: plágio?

Agora tudo regressa com o caso de Cristina Bartleby. Mas aqui tudo é diferente. Aqui o plágio existe sem qualquer sombra de dúvida e ninguém consegue justificar tal facto com a "intertextualidade", ou com o "jogo poético" (ao contrário do caso de Golgona Anghel). Todavia, continua o silêncio ensurdecedor, pois ninguém quer colocar o dedo na ferida, pois isso envolve apontar o dedo também ao editor. A malta prefere assobiar para o lado, como se nada tivesse acontecido.

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