Duas pequenas notas e não volto mais a estes assuntos (17)


1. J. Rentes de Carvalho disse que irá votar no candidato da extrema-direita holandesa. O seu voto terá a forma de protesto. O Senhor lá terá as razões dele, que respeito. No entanto, não posso deixar de considerar que são uma imbecilidade de primeira apanha. Já outra coisa é cruxificar o autor e os seus livros, apenas por ter expressado uma opinião política, que não irá ao encontro da maior parte dos leitores, ou das pessoas com um pouco de senso-comum. Mas talvez esses mesmos leitores leiam Céline ou Mishima, elogiando-lhes a escrita e a verve, esquecendo que estes dois autores estão, cada um à sua maneira, conotados com a extrema-direita. Deixam de ser grandes autores? É a velha questão. Mais digo: nunca li um único livro de J. Rentes de Carvalho. A sua prosa não me interessa (já não me interessava na extinta Periférica). Assim, não sei dizer se ele é um bom ou um mau escritor. Apenas sei dizer que não vou ao encontro das suas declarações políticas, enquanto cidadão. A literatura, neste caso, não entra na equação.

2. A confusão gerada com a conferência de Jaime Nogueira Pinto só veio provar uma coisa: os fascistas andam por aí e andam com fome e sede. Tínhamos o PNR. Agora temos a Nova Portugalidade. O seu líder, o senhor Rafael Pinto Borges, escreveu no dia 1 de Fevereiro de 2017: «Passo a passo, documento a documento, Trump vai tornando o mundo mais limpo». E penso que tudo está dito em relação a este senhor. Limpinho, limpinho.

1 comentário:

redonda disse...

Pelo que li dele, é um grande autor.