Um poema de Teresa M. G. Jardim


Eu vivo aqui


Não me deixes
na emboscada de uma sombra
não me concedas um amor
duradouro.
Continua a dar-me em cada manhã
a revelação das mãos, os peixes vermelhos
as ribeiras amansadas pelas buganvílias,
os rituais de preguiça
a urze vigilante.

Eu vivo aqui
no desenho mais alto da Ilha
temente dos muitos caminhos
por onde a água pode sumir-se.


em Jogos Radicais, Lisboa: Assírio & Alvim, 2010, p. 40.

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