Um poema de Luísa Ducla Soares


Na máquina do tempo

Ah, se eu pudesse andar
na máquina do tempo!
Quebrava esse horror
que é o despertador.
Só saía ao meio-dia
para a escola que abria
às oito da manhã,
sem ralhos da mamã...

Ah, se eu pudesse andar
na máquina do tempo!
Correndo em marcha-atrás
caçava lá atrás
um dinaossauro anão,
que seria o meu cão.
Pois grande, francamente,
metia medo à gente...

Ah, se eu pudesse andar
na máquina do tempo!
Punha-me a acelerar
para só aterrar
em distantes planetas,
brincava com cometas
que estão por descobrir.
Aonde eu havia de ir...

Quando eu puder andar
na máquina do tempo,
hei de te convidar
para também passear.
E se tiveres coragem,
será longa a viagem...
Aonde queres vir comigo?
Vai já pensando, amigo...


em A cavalo no tempo, Porto: Porto Editora, 2015, pp. 18-21.

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