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Ontem o Vasco fez anos. Ele nunca se esqueceu, até hoje, do meu aniversário. Eu nunca me lembro do seu. Sou assim com os meus amigos. São poucos aqueles que recebem ou mensagem ou telefonema meu nesse dia. São poucos. A verdade é que alguns deles se habituaram já a este meu esquecimento, a esta minha distância, afastamento. Alguns ainda hoje me censuram a falta de memória e me dizem — nunca telefonas, pá, nunca dás notícias, pá, és sempre a mesma coisa, pá — e eu sorrio envergonhado e baixo os olhos. A verdade é a verdade. E por mais simples que possa ser, não deixa de ser terrível. No entanto, ainda não perdi nenhum amigo devido a estas minhas falhas. Dizem que aos amigos tudo se perdoa. Dizem que os verdadeiros amigos não ligam a essas coisas. Tenho sorte em ter desses amigos.

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