Discos pedidos (184)




some escape some door to open

Red House Painters


Posso dizer-te, com quase certeza, que este foi, talvez, o álbum que mais ouvi naqueles dias. Eram, agora que recordo, dias muito parecidos a estes: o sol brilhava pouco e a chuva caía com a violência que ainda ontem caiu (pelo menos aqui). A única coisa diferente é a maneira como eu, agora, sinto o frio. Há muito que me desabituei do frio seco da Serra, e este, que agora sinto, traz a humidade do mar e entranha-se na roupa e, mais importante, nos ossos. Este frio lembra-me versos de Assis Pacheco, aqueles em que ele fala da Guerra, dizendo (e cito de memória) que alguns dizem que a guerra passa e que a dele passou, mas foi para os ossos. Este frio é um pouco assim: passa, mas é para os ossos. E naqueles dias, esses que agora recordo, o frio era, ou parecia ser, mais tolerável, apesar de cortante. E às vezes volto a eles, aos dias. E há neles uma qualquer música deste álbum. Seja ela qual for.

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