some escape some door to open
Red House Painters
Posso dizer-te, com quase certeza, que este foi, talvez, o álbum que
mais ouvi naqueles dias. Eram, agora que recordo, dias muito parecidos a estes:
o sol brilhava pouco e a chuva caía com a violência que ainda ontem caiu (pelo
menos aqui). A única coisa diferente é a maneira como eu, agora, sinto o frio.
Há muito que me desabituei do frio seco da Serra, e este, que agora sinto, traz
a humidade do mar e entranha-se na roupa e, mais importante, nos ossos. Este
frio lembra-me versos de Assis Pacheco, aqueles em que ele fala da Guerra,
dizendo (e cito de memória) que alguns dizem que a guerra passa e que a dele
passou, mas foi para os ossos. Este frio é um pouco assim: passa, mas é para os
ossos. E naqueles dias, esses que agora recordo, o frio era, ou parecia ser, mais
tolerável, apesar de cortante. E às vezes volto a eles, aos dias. E há neles uma qualquer música deste álbum. Seja ela qual for.
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