Lí por aí


Começar a escrever. Escrever uma, duas, três linhas, uma página inteira. Chegar ao fim, reler. Apagar tudo, deitar para o lixo. A vida devia oferecer-nos esta possibilidade. Vivermos um dia, dois dias, três dias. Pararmos para pensar no que vivemos, apagarmos tudo, deitarmos o passado para o lixo. O maior drama da vida é não ser como um texto, não podermos rasurar o passado. O lixo há-de pesar-nos sempre, o lixo de cada dia, de cada hora, de cada momento, que suportaremos como Sísifo teve de suportar a sua condenação.

1 comentário:

bea disse...

Pois é. Se pesa. Mas não somos anjos, nem leves. O peso faz parte. Não somos homens não somos nada se o não aguentarmos.

Além disso, no passado nem tudo é peso. Pesam os erros pessoais e o mal que deles adveio a outrém. O resto tem memória leve.