Na tua rua não há um único café,
ou quiosque. Minimercado tão-pouco. Ou supermercado. Não há nada. E quase tudo
está à distância de um a dois euros de gasolina. Mas hoje decidiste ir a pé,
pois as pernas pediram estrada onde caminhar. Pelo caminho foste distraindo o
pensar com a cor de certas casas e o aroma de certas flores. E cruzas o olhar com velhos que, à beira das portas de casa, vêem o dia
passar e vêem-te a ti passar. Entras no supermercado. Percorres as prateleiras
e as arcas. Compras o necessário para o jantar. Pagas. Sais. E, de novo, pelo
caminho: os velhos. E ouves alguém que diz ― agora é preciso é ter cuidado com
o gás! viste ontem aqueles dois que morreram? — e embora a pergunta não seja a
ti dirigida, apetece-te responder.
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