Raoul Vaneigem


O aperto de mão ata e desata o laço dos encontros. Gesto ao mesmo tempo curioso e trivial a respeito do qual se diz, com justeza, que se troca; com efeito, não é ele a forma mais simplificada do contrato social? Que garantias se esforçam por selar essas mãos apertadas à direita, à esquerda, ao acaso, com uma liberalidade que parece preencher uma clara ausência de convicção? Que o acordo reina, que o entendimento social existe, que a vida em sociedade é perfeita? Essa necessidade de nos convencermos disso, de acreditar por hábito, de afirmá-lo a pulso não deixa de ser perturbante.


em Arte de Viver para a Geração Nova, tradução de José Carlos Marques, Lisboa: Letra Livre, 2014, p. 30.

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