O aperto de mão ata e desata o laço dos encontros. Gesto ao mesmo tempo
curioso e trivial a respeito do qual se diz, com justeza, que se troca; com efeito, não é ele a forma mais
simplificada do contrato social? Que garantias se esforçam por selar essas mãos
apertadas à direita, à esquerda, ao acaso, com uma liberalidade que parece
preencher uma clara ausência de convicção? Que o acordo reina, que o
entendimento social existe, que a vida em sociedade é perfeita? Essa necessidade
de nos convencermos disso, de acreditar por hábito, de afirmá-lo a pulso não
deixa de ser perturbante.
em Arte de Viver para a Geração Nova, tradução de José Carlos Marques,
Lisboa: Letra Livre, 2014, p. 30.
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