Manuel Fernando Gonçalves


Máxima

Hoje é dia de dar lugar aos dias
o seu lugar. Está tudo muito difícil,
não há roupa nova mas pareces
seguro e fresco no teu ar concentrado,
a passear na rua que tu queres:
como nas festas antigas, tudo muito fácil,
a luz é justamente a que quiseres
para ler um livro da Fátima Maldonado.
O cão mordeu-me no focinho,
vou a correr para o hospital, ai
Jesus, está sempre a acontecer
uma coisa qualquer, darei aos dias
lugar nenhum: não me quero, sequer,
lembrar, do dia em que nasci
quanto mais comprar petróleo
para ler, à luz da lamparina, seja
lá que livro for. Quero é velocidade,
pressão, vontade, frequência,
interferência, invenção, atenção,
expressão, potência, inconveniência,
informação, alteração, inteligência,
razão, impertinência, emoção,
internacionalização.
Où mort.

em A Matiz e o Canto Oposto, Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 1ª edição, 2013, p. 41

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