Georges Darien


Zangado, eu? Vamos lá ver! Contra quem? Contra ti, vil instrumento, torcionário inconsciente? Contra ti? Não te quero mal, estás a ouvir? Apesar das tuas brutalidades idiotas e dos teus sarcasmos cobardes. E se alguma vez soar a hora da justiça, podes ter a certeza de que não será a ti, nem aos outros como tu que eu vou dar cabo do canastro. Ao sistema abjecto, que pôs às tuas costas uma farda de carrasco e me enfiou uma farda de forçado, é que eu vou atirar-me como uma fera; vou filar o sistema pela garganta, e larga-lo apenas quando estiver estrangulado. Se eu não conseguir esganar o monstro, e ele der cabo de mim antes de o transformar em cadáver, pelo menos terei dado a outros a receita para derrotar o inimigo e atirá-lo como uma reles carcaça, estripado e sangrento, a uma sarjeta de esgotos.


em Biribi, tradução e apresentação de Aníbal Fernandes: Lisboa: Assírio & Alvim, 2005, p. 164.

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