Zangado, eu? Vamos lá ver! Contra quem?
Contra ti, vil instrumento, torcionário inconsciente? Contra ti? Não te quero
mal, estás a ouvir? Apesar das tuas brutalidades idiotas e dos teus sarcasmos
cobardes. E se alguma vez soar a hora da justiça, podes ter a certeza de que
não será a ti, nem aos outros como tu que eu vou dar cabo do canastro. Ao
sistema abjecto, que pôs às tuas costas uma farda de carrasco e me enfiou uma
farda de forçado, é que eu vou atirar-me como uma fera; vou filar o sistema
pela garganta, e larga-lo apenas quando estiver estrangulado. Se eu não
conseguir esganar o monstro, e ele der cabo de mim antes de o transformar em
cadáver, pelo menos terei dado a outros a receita para derrotar o inimigo e
atirá-lo como uma reles carcaça, estripado e sangrento, a uma sarjeta de
esgotos.
em Biribi, tradução e apresentação de Aníbal Fernandes: Lisboa:
Assírio & Alvim, 2005, p. 164.
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