50 livros + 41




Foi, talvez, o primeiro livro que li de Joaquim Manuel Magalhães. Em 2003 estava em Silves e a Biblioteca Municipal serviu o seu propósito. Li o livro e, mais tarde, consegui comprá-lo (já depois da obra definitiva ter sido estabelecida pelo autor e do choque ter passado). Gosto muito deste livro, principalmente dos seus Escritos Militares, que não são muito abonatórios do 25 de Abril de 1974, principalmente no que diz respeito aos "escritores": «E, ao fim, um outro disse que maior/era um outro que tinha tido mais prisão./Já mediam o estilo à grade.» (p. 100). Ou então: «À tarde, com o Carmo em tumulto,/fui cumprir o artigo semanal/ao Diário de Lisboa. «Agora já pode/deixar em paz os poetas ingleses./Fale do Aquilino e do Redol.»/Era a segunda confusão, mas de outro/mercado. Os antigos perseguidos/preparavam-se para entrar no avesso/das ordens. Já gaguejavam poder./Não lhe deixei o artigo. Os ingleses/não eram a metáfora política de qualquer/disfarce. Ó camarada, como me chamava.» (p. 90). É claro que o livro não são só os poemas desta secção. Há ainda: «Os teus olhos vêm para os meus/com a água da paz de termos visto/o mesmo arco de vida atravessar/o lugar onde estávamos sozinhos» (p. 18); ou: «O lugar onde digo eu/faz de ti um estrangeiro./O espaço onde tu és livre/de eu poder sobre ti poder/faz de ti um estrangeiro.» (p. 71). E por aí em diante.

Sem comentários: