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Há algum tempo atrás, António Guerreiro, numa das suas habituais crónicas, chamava a atenção para o facto de António Franco Alexandre e Joaquim Manuel Magalhães terem dado poucas entrevistas. Isto tudo por oposição à algazarra que é a admiração de existirem poucas entrevistas a Herberto Helder e muitos gritarem como é que isso é possível? E mencionou, ainda, o nome de Carlos de Oliveira, outro poeta cuja descrição mediática pouco ou nada foi/é comentada. Neste país os poetas são de trazer na lapela. Fica bem conhecer um poeta, ser amigo de um poeta. Comprar-lhes os livros, lê-los e essas outras coisas: é conversa diferente. É claro que não me refiro a Herberto. Esse esgota. Mas, na realidade, quem o lê? Quem leu Carlos de Oliveira? António Franco Alexandre? Joaquim Manuel Magalhães? Neste país ainda é preciso aparecer para sabermos que se existe. Somos um país muito baseado em São Tomé: ver para crer.

1 comentário:

bea disse...

É preciso, em algumas circunstâncias, que S. Tomé exista. Na circunstância de autores de livros, não vejo que se precise do circo mediático, salvo se o autor não se importar.
Na verdade eu até corri por três ou quatro autógrafos e cada um me trouxe um prazer enorme. Porém, sem eles, sobrevivia e era eu na mesma. Mas ter lido os livros desses autores tenho certeza que me acrescentou.

Não entendo essa necessidade de aparecer e dar a cara pela obra (dá-se a cara sempre que ela deixa de pertencer a quem a escreveu e está aberta a qualquer leitor), a necessidade de exposição do autor para que um livro venda. Supostamente, não é assim que se compra.

Mas os tempos mudam as vontades.