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Ontem, durante a viagem no IC, vim ao lado de um jovem mancebo que, durante duas horas de viagem, andou a saltar de filme em filme, de série em série, sem nunca ver nada até ao fim, no seu computador portátil. Tal acontecimento fez-me lembrar o termo hiperatenção, explicado por Byung-Chul Han no seu livro A Sociedade do Cansaço. Por aquilo que entendi da leitura, hiperatenção não é sinónimo de uma atenção rigorosa, isto é, concentrada e aplicada a um só assunto. Não, pelo contrário: hiperatenção é a atenção que se dispersa por vários assuntos, sem aprofundar nenhum deles. E penso que foi a isso que ontem assisti: hiperatenção. O jovem mancebo viu um pouco de Matrix, depois saltou para vários episódios de Family Guy (sem nunca concluir nenhum) e, por último, um episódio da série Roma (sem o concluir também). E, enquanto fazia tudo isto, ainda enviava mensagens através do seu telemóvel (multitasking: algo que Han diz aproximar-nos dos animais selvagens).

1 comentário:

bea disse...

As voltas que damos às novas tecnologias para nos aproximarmos afinal dos animais selvagens.
Bolas para isto!