Um poema de Fernando Luís Sampaio


Lugares de Sombra

Estas às vezes vagarosas ilusões
em breve desistidas abrem
no meio das frases
lugares de sombra, desiguais tempestades.

E arrancam ocultas folhagens,
rastros de cólera, madeiras
corroídas pela torquez
da impaciência.
E ao mover os dedos,
a tua imensa sombra
arde no sublime cenário
destas imagens.
E assomam mais ferozes
águas, desiguais
tempestades...

em Sólon, s/l: Gota de Água/Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Colecção Plural de Poesia, 1987, p. 11.