(...)


Começo a pensar que é realmente absurdo acreditar que a poesia pode salvar. Por vezes caio na tentação de existir, apenas, dentro da poesia, ou do poema. Depois, lembro o exemplo de Rimbaud, Celan e Biedma. Mas é nessas alturas que surgem poemas como este de Echevarria e como aquele de Valente da Fonseca. Poetas para mim totalmente desconhecidos (mais Valente da Fonseca — esse sim totalmente desconhecido — do que Echevarria). Eis que, a meio do dia, há uma luz, ou algo semelhante à luz, que transfigura, por completo, tudo aquilo que vejo para lá da janela da sala. E de pouco servem palavras, imagens, sons.

Sem comentários: