João Damasceno




Cheguei à poesia de João Damasceno através da antologia Sião. Depois foi a vez de comprar Corpo Cru e ficar de boca aberta ao ler aqueles poemas tão viscerais. Para uma cidade como Coimbra a poesia de Damasceno não podia ser mais dissonante. Nada de guitarras e capas pretas ou academia. Na nota introdutória a Corpo Cru podemos ler: Também estes escritos não pretendem ser outra coisa que registro (sic) de vivências que transcendem as meras circunstâncias do poema. Assumem-se portanto contra o formalismo académico-anti-académico, barroco e reaccionário que vem dominando a literatura nas duas últimas décadas e que visa transformar o poeta num especialista, num funcionário da escrita. Estas palavras foram escritas em 1983, mas se tivessem sido escritas ontem, ninguém estranhava. A verdade é que a poesia de Damasceno continua actual, pois murros no estômago são sempre precisos.

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