As referências ao carácter
orwelliano do mundo actual têm vindo a tornar-se frequentes porque, na verdade,
há um vocabulário de regime — um «burocratês» — que assume, nos dias que
correm, características aproximáveis das da novilíngua do distópico 1984. De
matriz economicista, esta novilíngua está por todo o lado, e em Portugal tem-se
desenvolvido em várias vertentes. Um exemplo recente passa pelo léxico
utilizado pelo governo na formulação e divulgação de projectos como o da
redução da despesa do Estado através do despedimento de funcionários públicos.
(…) Note-se que, nas referências governamentais a este «corte cego nos serviços
públicos», como lhe chama e com razão Pacheco Pereira, nunca ocorre a palavra despedimento: os termos utilizados são mobilidade
especial, requalificação, rescisão amigável.
de «Questões de
vocabulário» em Cão Celeste, número
4, Novembro 2013, p. 7.
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