Um poema de Cristovam Pavia


ao Nuno

Não fugir. Suster o peso da hora
Sem palavras minhas e sem sonhos,
Fáceis, e sem as outras falsidades.
Numa espécie de morte mais terrível
Ser de mim todo desposado, ser
Abandonado aos pés como um vestido.
Sem pressa atravessar a asfixia.
Não vergar. Suster o peso da hora
Até soltar sua canção intacta.


em 35 Poemas (1959), retirado Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa (org. Maria Alberta Menéres e E.M. de Melo e Castro), 2ª edição revista, actualizada e com uma nova introdução, Lisboa: Livraria Morais Editora, Colecção Círculo de Poesia, 1961, p. 96.