Descobri Jaime Gil de Biedma num
alfarrabista em Santiago de Compostela por 4.50 euros. Uma pequena antologia. Não
esta que aqui apresento, que veio de Madrid. Um dia escreveu que sempre tinha querido ser poeta e
que mais tarde se apercebeu que, na realidade, o que queria ser era poema.
Disse que tinha conseguido. Que devido a isso estava enclausurado em si mesmo.
Que mais nada importava. Que tudo o resto era silêncio. Só conheço dois poetas
assim: Höderlin e Rimbaud. A sua poesia reunida não chega aos cem
poemas. É um dos poetas espanhóis mais reconhecidos e imitados do século XX.
Pertencia à geração de cinquenta. Parece que foi amigo de Cernuda. Nunca ligou
muito a ortodoxias: nem na literatura nem na vida. Dizia que tinha sido de
esquerdas, mas que não praticava há muito tempo. Segundo os entendidos, a
poesia de Biedma veio “revolucionar” a maneira de escrever/fazer poesia em
língua espanhola. A vida de Biedma é poesia pura. Depois, o silêncio tomou
conta dele e calou-se para sempre. É de 1968 o seu último livro de poemas: Las rosas de papel son, en verdade,/demasiado
encendidas para el pecho. Tinha 39 anos.
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