História da habitação
O que escrevo é uma história da habitação
vista de longe à sombra de um oráculo
entre orifícios de pedra.
Invento assim a voz do implacável curso da perdição.
E derrubo as últimas ruínas da eternidade.
A mulher cativa insinua-se na sombra vã da matéria
e entre o rumor das sucessivas translações da noite adormece
no destino das coisas e da imitação
Os olhos da casa produzem fragmentos de substância viva
mármore e sal
vidros silenciosos que circundam a história imensa
em A Lua Fértil, Porto: Exercício de Dizer, 1ª edição, 1986, p. 9.