Um poema de Roberto de Mesquita


Sábados

A doce alma dos sábados rurais
Afagando as aldeias pela tarde,
Na hora em que fumegam os casais
E o fulvo ocaso em vivas chamas arde!

Anunciativos, sob o azul docel,
Cantam sinos na tarde que descora.
Lembram a voz do anjo Gabriel
Quando foi visitar Nossa Senhora.

Sábado ao pôr do Sol... Com que doçura
O seu celeste afago tudo embala!
Dir-se-á que o próprio campo se satura
Da bem-aventurança que ele exala...


em Almas Cativas e Poemas Dispersos, prefácio de Jacinto do Prado Coelho, comentário de Marcelino Lima, fixação do texto, recolha de dispersos e notas de Pedro da Silveira, Lisboa: Edições Ática, 1ª edição, 1989, p. 35.