Jorge de Sena



Voltemos aos mortos. Os mortos, ao contrário dos vivos e como cedo aprendemos, permanecem sempre connosco. Nada fazem, mas a sua presença pesa. Ao contrário dos vivos, os mortos não são dados a camelices, a facadas nas costas, a corte-e-costura (é claro que nem todos; honra seja feita a alguns). Dito de outra forma: não há razão nenhuma para não confiar nos mortos. Mortos há que nos deixaram coisas belas: quadros, esculturas, poemas. É claro que também há outros mortos que não nos deixaram nada. Mas, pensemos nos poemas que alguns nos deixaram. Jorge de Sena deixou mais de muitos. Uma poesia reunida dele seria uma boa prenda de Natal. Ainda não entendi por que razão não existe. Sei que são mais de muitos, os poemas. Mas já é altura. Ou, então, que reeditem os ditos em vários volumes. Não se perdia nada. E era um bem que se fazia a 300 leitores.

1 comentário:

P. disse...

Sendo assim, só matando os vivos se faz com que fiquem sempre connosco. Mas então já estarão mortos e de nada nos servem. O que me faz pensar que mais vale que não fiquem sempre connosco.

Ah, e eu compraria.