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Páscoa. Ir e vir. A Páscoa já não é o que era. Lembro-me quando era menino e moço ouvir os meus pais dizer que a Páscoa já não é o que era. Agora sou eu que o digo. Antes as portas todas abertas, as ruas cheias de gente. Entrar e comer. Beber. Ouvir. Rir. A Páscoa já não é o que era. Os anos a passar. Em redor das mesas mais lugares vazios. Os anos a passar. Os anos a passarem-me. Os ovos-verdes, bola-de-crista, queijo-fresco, tinto, bacalhau-albardado, queijo-de-ovelha. As ruas vazias. As campaínhas a anunciar a chegada do Senhor Padre que traz sotaque e boa-disposição de terras do Brasil. Os ovos-verdes têm pouca salsa, dizem, o bolo-de-crista já não é como era, dizem, o queijo-fresco já foi mais macio, dizem. O mesmo ritual todos os anos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Apesar de todas as contrariedades ainda é pela terra e pelos amigos que lá vamos!
Não estive na visite pascal!! "gastei-me" no enterro do Senhor e deliciei-me poucas horas depois a gravar o canto ao Cristo Morto.
Vim de alma cheia! Ainda nos deixam enchê-la sem pagar imposto!
Um grande abraço
Bruno Tavares